Dawnland é uma próspera cidade situada na pitoresca região dos Campos Baixos, no Reino de Eghateron. É dividida pelo rio que corta sua área urbana central, favorecendo o comércio fluvial com as cidades menores rio acima, bem como a conexão direta com a Baía de Arbrand. Além disso, liga-se por terra a dois importantes centros da região: ao norte, Dunhol-Mond, e ao sul, Elenridge. Essa posição estratégica faz jus ao seu título de capital regional.

A cidade é vibrante, com uma vida diurna agitada e uma vida noturna requintada e charmosa, marcada por restaurantes de luxo regados a vinho, passeios de barco e pessoas trajando vestes nobres de estilo gótico, entre outras atividades dignas de grandes metrópoles — tudo exalando tranquilidade e segurança. O movimento cessa antes da madrugada, quando a cidade mergulha em um silêncio profundo e seus habitantes descansam para regenerar as energias do dia seguinte. Tudo parece cronometrado e perfeitamente alinhado.

Durante as horas mais silenciosas da noite, após as festas e eventos da nobreza, ouvem-se apenas os passos pesados dos soldados da guarda noturna, que patrulham vielas, ruas e praças, atentos e zelosos pela segurança de todos.

Tudo em Dawnland reforça a ideia de uma cidade perfeita: as pessoas vivem em plena prosperidade, há verdadeira segurança e o histórico de uma região quase intocada pelas guerras e tramas políticas que assolam o centro do reino. Contudo, a cidade guarda um passado sombrio, muito diferente de seu status atual. No início do Terceiro Período Histórico, vampiros dominaram Dawnland a partir do castelo central da margem norte do rio, atuando como aristocratas silenciosos que controlavam a rotina da cidade não pela força, mas pelo medo.

A diferença é que Dawnland soube adaptar-se àquele domínio e, de certa forma, conviveu com os vampiros. Quando essas criaturas sombrias foram finalmente expulsas,  a cultura local não rompeu com o pensamento vampiresco — manteve costumes, hábitos e ideias que refletiam o modo austero com que a cidade era administrada. O senso de ordem, segurança e rigor na gestão pública foi um legado direto daquele período. Paradoxalmente, foi sob o domínio dos vampiros que Dawnland alcançou seu auge econômico, acumulando grande parte de sua atual riqueza.

Há quem defenda que, mesmo sob o medo imposto pela presença sobrenatural, a ordem reinava absoluta e a cidade florescia em prosperidade. Que, agora, mais de uma centena de anos após a expulsão dos vampiros, Dawnland tornou-se apenas um reflexo apático da antiga glória. Naturalmente, muitos discordam dessa visão — e estes formam a maioria.

A cidade atrai mestiços, forasteiros e indivíduos reservados, que buscam privacidade e discrição quanto às próprias atividades. A atmosfera vampiresca jamais deixou Dawnland por completo e, apesar do estigma de sua história, o lugar mantém-se como cenário ideal para contos de terror e mistérios sem solução.

Uma antiga lenda local afirma que, na verdade, a cidade nunca deixou de ser controlada pelos vampiros, e que um descendente das antigas linhagens ainda vive oculto, governando das sombras. As autoridades negam veementemente essa história e, para reforçar seu caráter mítico, realizam anualmente o Festival das Ruas Negras — duas semanas de celebrações que marcam a libertação de Dawnland do domínio vampírico. Ironicamente, durante o festival, a população se veste como vampiros para festejar. E são justamente nesses dias que, dizem alguns, coisas verdadeiramente estranhas acontecem.