Cragstar é uma vila isolada, sombria e chuvosa, composta por casas antigas e pouco reformadas, habitadas por famílias que passam a vida inteira nesse ambiente esquecido e distante. A agricultura de subsistência é a principal atividade local, mas com o passar dos anos, a vila vem perdendo sua capacidade de autossustento, resultado direto do envelhecimento da população e da ausência de novos moradores.

Entre todas as localidades da região dos Campos Baixos, Cragstar é a que mais sofre com o êxodo populacional e o desinteresse de quem poderia se mudar para lá. Muitos acreditam que a vila está fadada a tornar-se desabitada e incapaz de sustentar qualquer atividade econômica, transformando-se em mais uma ruína esquecida, como a que existe ao norte de Lowell.

Os habitantes de Cragstar, contudo, são profundamente apegados à sua história. Cada família que ainda reside na vila mantém um livro próprio, registrando os acontecimentos do cotidiano — histórias de parentes, vizinhos e amigos. Se todos esses volumes fossem reunidos em um único tomo, eles revelariam, com precisão quase documental, a evolução da vila ao longo dos séculos.

Há um salão comunitário onde os anciãos se reúnem para contar histórias e compartilhar lembranças. Quando um deles morre sem deixar herdeiros, seu livro é guardado nesse local, formando uma espécie de biblioteca viva, aberta a todos. O hábito da leitura é fortemente enraizado em Cragstar, e os moradores costumam trocar livros com os raros viajantes que por ali passam — para eles, um livro vale mais do que ouro.

Por causa desse ambiente silencioso e de ritmo lento, os jovens acabam abandonando a vila, partindo em busca de vida mais agitada e promissora nas cidades maiores, muitas vezes sem jamais retornar aos familiares que deixaram para trás.